(Gerdal Jose de Paula)
No início dos anos 60, de tanto passar em frente, todos os dias, do Copacabana Palace, perto do qual morava, Marcos Moran (foto abaixo) chamou a atenção do saxofonista e clarinetista Paulo Moura, que, batendo um papo com ele, disse-lhe que este tinha "pinta de cantor" e lhe perguntou se era, de fato, dessa "praia". Paulo precisava de um "crooner" que substituísse aquele antes acertado para uma longa série de apresentações na boate do hotel e convidou Marcos, que até então cantara, mais informalmente, em clubes e reuniões festivas, para um teste. Aprovado, Marcos fez com sucesso toda a temporada e, pouco depois, cantando num estilo suingado, "à la Simonal", gravava um disco pela RCA - num mesmo momento em que Caetano Veloso e Maria Bethania, antes da fama, tentavam a sorte pela mesma gravadora - e se tornava uma figura conhecida da noite e de atrações do rádio e da tevê. Flertou com a bossa nova, cantando, por exemplo, "Samba de Verão", de Marcos e Paulo Sérgio Valle, e gravando, da mesma dupla, "Fora de Tempo", embora o seu cartão de visita como intérprete se imprimisse, na MPB, em 1968, com o grande sucesso da gravação de uma bela marcha-rancho de Umberto Silva e Paulo Sette, "Até Quarta-Feira". Em 1979, a convite da diretoria da Unidos de Vila Isabel, voltaria à evidência no carnaval com a defesa na avenida do samba-enredo "Os Anos Dourados de Carlos Machado" (de Luiz Carlos da Vila, Tião Graúna, Jonas e Rodolfo), e assim seria até 1984, quando da sua saída da escola, após ter cantado, especialmente, duas gemas do bibarrense Martinho da Vila, "Sonho de um Sonho" e "Pra Tudo Se Acabar na Quarta-Feira".
Capixaba de Alegre, Marcos, também conhecido por sua contagiante interpretação de outro samba do relicário da Vila Isabel - "Zodíaco do Samba" ("Dindinha lua/dindinha lua/desça do céu e vem sambar na rua..."), de Paulo Brazão e Irani Silva, do carnaval de 1973 - é atração dos sábados, a partir das 13h, da feijoada do Cariocando (Rua Silveira Martins, 139 - Catete - tel.: 2557-3646), logo após bem-sucedida temporada, no mesmo restaurante, às quartas à noite, lembrando Wilson Simonal. Acompanhando o Marcos, um grupo com lastro no samba rasgado, o Chapéu de Palha (foto abaixo), que, neste sábado, 23 de julho, com o cantor, dedica parte do repertório dos "sets" do show à cadência bonita dos sucessos de Ataulfo Alves.
Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.